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São Martinho-Principais Riscos

Os riscos que a própria Companhia enxerga e assume, relacionados as suas atividades

Produtividade da matéria prima: nossas receitas decorrem, quase que em sua totalidade, de derivados da cana-de-açúcar. O cultivo da cana ocorre em terras próprias ou de terceiros, nos estados de São Paulo e Goiás. Fatores climáticos como o regime de chuvas, secas, geadas, índices de luminosidade e temperatura, podem alterar a produtividade dos canaviais e, em consequência, nossas estimativas de produção e vendas. Além disso, caso ocorram desastres naturais, nossas operações poderão sofrer interrupções.

Técnicas de manejo agrícola, variedade genética do canavial, controle de pragas e doenças também compõem os fatores de risco relacionados à produtividade de nossa matéria-prima.

Cerca de 31% da cana processada em nossas usinas advém de produtores terceiros e, apesar de a maior parte destes fornecedores serem nossos parceiros de longo prazo, não podemos garantir a existência desta cana no futuro, tampouco podemos garantir as renovações dos contratos de fornecimento, arrendamento e parceria hoje em vigor. A eventual descontinuidade destes relacionamentos de longo prazo pode resultar no aumento dos preços da cana-de-açúcar, ou em uma diminuição do volume de matéria prima disponível para nosso processamento.

Volatilidade de preços das commodities e da moeda: os produtos que comercializamos estão sujeitos a variações de preços que podem afetar nosso desempenho financeiro. O açúcar, por ser precificado em dólares americanos, está sujeito, além das oscilações naturais de preço da commodity, à variação cambial desta moeda frente ao real brasileiro. Visando reduzir a volatilidade de nossa receita, executamos estratégias de hedge cambial, de açúcar e etanol, que podem ter efeitos adversos em nossos resultados. Esses efeitos são minimizados pela adoção da Contabilidade de Hedge (hedge accounting ), um procedimento contábil que isola os resultados das operações de hedge do resultado operacional da companhia.

Falhas em equipamentos e ocorrência de acidentes: estamos sujeitos a incidentes operacionais que são inerentes à nossa atividade, como falhas em equipamentos, incêndios, explosões, rupturas de tubulações e acidentes, com eventual possibilidade de danos físicos, morte, perdas materiais e/ou, ainda, acidentes ambientais que resultem na suspensão de nossas operações e/ou imposição de penalidades cíveis e criminais.

Possuímos coberturas de seguro robustas contra a maior parte desses riscos, assim como para eventuais lucros cessantes. Entretanto, estas não cobrem perdas em caso de guerras, sabotagens ou desastres naturais, ou podem ser insuficientes para tal.

A distribuição de nossos produtos é realizada através de ferrovias e rodovias, sendo que possíveis danos a estas infraestruturas de transporte podem representar um risco ao escoamento. A diversificação dos modais de transporte e nossa capacidade de armazenagem são fatores importantes de controle, sendo que até  aproximadamente 85% da produção anual de açúcar, e até 65% do etanol produzido podem ser estocados (considerando o mínimo do intervalo de produção de acordo com o Fato Relevante sobre o Guidance operacional da safra 20/21 divulgado em 29 de junho de 2020), de forma a garantir o fluxo contínuo da produção e consequente redução desses riscos operacionais. Atrasos decorrentes de falhas no ciclo logístico para obtenção de insumos agroindustriais também tem potencial de impactar nossas operações.

Indisponibilidade de financiamento e falta de liquidez

Captamos recursos por meio de empréstimos junto a instituições financeiras nacionais e estrangeiras, e por acesso ao mercado de capitais. Alterações nas condições de mercado, local e global, tem o potencial de impactar a disponibilidade e viabilidade desses financiamentos, dificultando novas captações.

Alguns de nossos contratos de financiamento possuem cláusulas que impõem  o cumprimento de índices financeiros e outras obrigações, as quais podemos não ser capazes de honrar, o que ocasionaria um potencial impacto em nossos resultados.

Alterações no cenário macroeconômico decorrentes de eventos emergentes como pandemias, epidemias, golpes de estado e outras situações de natureza imprevisível podem impactar nossas operações e, consequentemente, nossos resultados.

Premissas utilizadas na elaboração de estudos de viabilidade que resultaram na realização de novos negócios e investimentos podem se concretizar abaixo dos valores estimados, fazendo com que não obtenhamos os critérios mínimos inicialmente estipulados para o sucesso do investimento.

A gestão da Companhia é influenciada por seus acionistas controladores, cujos interesses podem, em algum momento ou assunto, ser conflitantes com os interesses dos demais acionistas.

A Companhia possui empresas controladas operacionais e não operacionais em sua estrutura. Porém, ainda que operacionais, as atividades de tais empresas controladas restringem-se a atividades de suporte àquelas praticadas pela Companhia, de modo que não identificamos fatores de riscos relacionados às nossas controladas que sejam materialmente distintos dos fatores de risco relacionados à controladora.

Aquisições de empresas podem representar risco de exposição às responsabilidades relativas a contingências envolvendo a sociedade adquirida. O processo de auditoria (due diligence ) que conduzirmos em uma aquisição, e quaisquer garantias contratuais ou indenizações que possamos receber dos vendedores, podem não ser suficientes para nos proteger ou nos compensar por eventuais contingências, de modo a nos afetar adversamente. Sendo assim, não podemos garantir que referidas aquisições ou parcerias serão bem-sucedidas, apresentarão sinergias com nossas atividades ou ocorrerão em condições de preço e operacionalização satisfatórias.

Ademais, o sucesso na execução desta estratégia depende de inúmeros fatores, tais como, a existência de demanda pelos nossos produtos, ambiente regulatório, fatores macroeconômicos, capacidade competitiva, estrutura de custos, desenvolvimento tecnológico, licenciamentos e autorizações que, na maior parte das vezes, extrapolam ao controle da Companhia.

O preço que pagamos aos nossos fornecedores  de cana é baseado no teor de açúcar contido na cana-de-açúcar entregue, resultado obtido através da análise laboratorial da matéria-prima amostrada ao chegar na usina.

O pagamento destes fornecedores, em geral, acontece 80% na entrega da cana-de-açúcar e 20% parcelados de janeiro a abril do ano seguinte, com base nos preços divulgados mensalmente pelo Consecana e ajustados conforme o acumulado da safra.

O vencimento sem renovação dos nossos contratos de Parceria Agrícola, Arrendamento e Compra e Venda de Cana (fornecimento) têm o potencial de nos afetar adversamente, motivo pelo qual os contratos possuem cláusulas de preferência, exclusividade, multa e indenização.

Em regra, os contratos são de longo prazo (1 ciclo= aproximadamente 6 anos), tem vencimentos distribuídos uniformemente, possuem cláusulas que nos asseguram a renovação automática e a preferência perante terceiros, além de outras proteções previstas no Estatuto da Terra. Ainda assim, não há como garantir que serão todos renovados, às mesmas condições atuais, fato que pode nos afetar.

O suprimento de cana é acompanhado e reportado pela área de Gestão de Riscos ao Comitê de Finanças, Auditoria e Gestão de Riscos. O indicador utilizado, o qual faz parte do Painel de Riscos reportado mensalmente, controla o vencimento de todos os contratos de Parceria, Arrendamento e Fornecimento, dando um sinal de alerta quando estes vencimentos atingem determinados níveis definidos pelos critérios de controle.

Os riscos relacionados ao preço da cana proveniente de terceiros são mitigados através da execução de hedge natural, uma vez que o custo de aquisição dessa cana é definido conforme critérios de precificação divulgados pelo Consecana que, por sua vez, são atrelados aos preços do açúcar e do etanol. Assim, asseguramos que o impacto dessas variações no custo seja o mesmo impacto na receita, sobre a parcela da cana proveniente de terceiros, garantindo sua rentabilidade.

Dentre os clientes da São Martinho, os três maiores compradores de açúcar respondem por aproximadamente 27% da receita total. Com relação ao etanol, nossos três maiores clientes abrangem cerca de 28% da receita total.

Considerando sua representatividade, há um risco de impacto no faturamento da empresa caso esses clientes reduzam seu volume de compras e não consigamos realocar estes mesmos volumes em outros clientes.

As oscilações de preço dos nossos produtos, bem como as instabilidades econômicas, políticas e financeiras, no Brasil e no mundo, podem nos afetar negativamente.

O setor sucroenergético é marcado por períodos de forte instabilidade na oferta e na demanda, acarretando oscilações nos preços de comercialização destes produtos, bem como nas margens de lucro praticadas. Ademais, o açúcar é uma commodity e, como tal, está sujeita às flutuações de preços ditadas pelo mercado. Inúmeros fatores fora da nossa capacidade de controle contribuem para a variação dos preços do açúcar, do etanol e outros produtos derivados da cana-­de-açúcar

Adicionalmente, tanto o açúcar quanto o etanol são negociados em bolsas de mercadorias e futuros, estando, portanto, sujeitos a especulações de mercado, o que pode resultar em um efeito adverso para a São Martinho.

Além disso, como em qualquer mercado competitivo, a performance de nossos concorrentes tem potencial para afetar adversamente a nossa própria performance.

O setor agrícola é sensível às políticas e regulamentações governamentais. Um aumento nas alíquotas de tributos e tarifas existentes, a criação de novos tributos ou a modificação do regime de tributação, a imposição de um sistema de controle de preços do açúcar, do etanol ou de seus derivados e a adoção de políticas de incentivo ou restrição à importação e exportação de produtos agrícolas e commodities podem afetar de maneira adversa a demanda e a oferta destes produtos, de modo a impactar os resultados do setor e também os da Companhia.

Estamos sujeitos a uma extensa regulamentação ambiental e podemos estar expostos a contingências resultantes do manuseio de efluentes e materiais que podem ser contaminantes, além de potenciais custos para cumprimento da regulamentação ambiental, inclusive a aquisição de terreno para conservação.

Adicionalmente, estamos sujeitos a rígidas leis federais, estaduais e municipais relativas à proteção do meio ambiente e saúde da população, que tratam, dentre outras coisas, do controle da queima de cana-de-açúcar e outras fontes de emissões atmosféricas, manejo e disposição final de resíduos, áreas de conservação e controles para segurança e saúde de nossos funcionários. Nossas atividades nos expõem à constante fiscalização por órgãos governamentais de proteção ambiental acerca do cumprimento da legislação aplicável.

Somos obrigados a obter licenças emitidas por autoridades governamentais com relação a determinados aspectos das nossas operações. Referidas leis, regulamentos e licenças podem exigir que compremos e instalemos equipamentos de custo muito elevado para controle da poluição ou que executemos mudanças operacionais a fim de limitar os potenciais impactos ao meio-ambiente e/ou à saúde dos nossos empregados.

Ademais, o Código Florestal, no art. 16, determina a destinação de 20% da área de imóveis rurais para conservação da flora e fauna, constituindo a reserva legal e, através do art. 44, com a redação dada pela Medida Provisória 2.166-67, de 24/08/2001, institui prazos e mecanismos de compensação da reserva legal, oferecendo ao proprietário rural que não dispõe dessa área em sua propriedade, alternativas para promover sua recomposição no prazo de 30 anos (10% a cada 3 anos) e/ou compensá-la com o uso de propriedades com o propósito específico de serem áreas de preservação ambiental, as quais não necessitam ser adjacentes aos imóveis da companhia desde que estejam na mesma bacia hidrográfica do estado.

A inobservância das leis e regulamentos ambientais pode resultar, na esfera cível, na obrigação de reparar danos ambientais eventualmente causados, além da aplicação de sanções de natureza penal e administrativa, tais como multa e interrupção das atividades. Estes danos ambientais implicam responsabilidade solidária e objetiva, direta e indireta, podendo afetar a todos direta ou indiretamente envolvidos, independentemente da comprovação de culpa dos agentes. Como consequência, a contratação de terceiros para proceder a qualquer intervenção nas nossas operações não exime a nossa responsabilidade por eventuais danos ambientais causados. Tendo em vista que as leis de proteção ambiental estão se tornando cada vez mais rigorosas, nossos dispêndios e custos relacionados ao cumprimento das obrigações ambientais poderão aumentar no futuro.

As condições políticas e econômicas no Brasil afetam diretamente nossos negócios, nossa saúde financeira, nossos resultados operacionais, bem como nossas perspectivas sobre o preço de mercado de nossas ações, que poderão ser adversamente afetados pelas mudanças nas políticas do governo federal, estadual e municipal, bem como por fatores econômicos em geral.

Como nossos principais produtos constituem commodities transacionadas globalmente, enfrentamos a concorrência dos produtores internacionais. Sobretudo nos mercados da União Europeia e EUA, convivemos com a concorrência originada pela imposição de entraves regulatórios, políticas alfandegárias e concessão de subsídios que tem o potencial de encarecer, dificultar e até inviabilizar a venda dos nossos produtos nestes mercados.